Amor Ilimitado - A dor de amar demais.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Holmes Villar: Fôlego e tradição. Cabeções de pai para filho.


Muita gente idealiza momentos de sossego no carnaval: praias isoladas, hotéis luxuosos ou pousadas simplíssimas, que mantenham longe o batuque. Entretanto há aqueles que procuram justamente a folia. Para esses, reservamos três sugestões que permitem conhecer tradições, fugir dos axés comerciais, viver a experiência do carnaval de rua. O primeiro destino está aqui mesmo, na quatrocentona Santana de Parnaíba.


Cabeções, de pai pra filho – Todos enfeites para as festas em Santana de Parnaíba são produzidos pela Oficina Cultural, ligada à Secretaria de Cultura e Turismo. Em meados de dezembro, enquanto funcionários se apressavam em montar o presépio e as luzes de Natal na praça, Holmes Villar Filho já adiantava o carnaval. Em meio ao corre-corre, dedicava-se a manter viva a tradição dos cabeções, que marcam há décadas o carnaval parnaibano.

Ele é Tito, filho de Holmes Villar, com quem aprendeu montar as grandes cabeças de papel que, depois, são vestidas pelos foliões, ou então presas a uma armação de madeira para ficarem bem altas. O pai aprendera com o primeiro mestre da cidade, João Santanna, a técnica de ir colando tiras de papel sobre uma fôrma. É uma história que vem da década de 30. Muitos bonecos já brincaram o carnaval parnaibano e, até fevereiro, mestre Tito pretende montar 40 desses cabeções.

Caveiras, vampiros, rostos com facas atravessadas são os primeiros que tradicionalmente ganham a rua. Eles fazem o Grito da Noite, que dá a partida no carnaval parnaibano na sexta-feira, e são acompanhados por uma batida de tambores especial e única, segundo especialistas em história da música.

A cada ano que passa, o centro histórico fica mais lotado à espera dos cabeções. Pela cidade, circulam todo tipo de fantasias assustadoras, afinal a sexta-feira também é a Noite dos Fantasmas, outra data que já rola em Parnaíba há mais de século.

O novato deve saber que o cortejo do terror começa em frente à Igreja Matriz, vai até o cemitério da cidade e volta. No ano passado houve quem reclamasse: pela primeira vez puseram cordão de isolamento na festa. Quem não gostou prefere que tudo continue como sempre foi.

Até meados de janeiro, a Secretaria da Cultura e Turismo deve divulgar o calendário oficial do Carnaval, que inclui festa de rua todos os dias. A Praça 14 de Novembro, ao lado da Igreja Matriz, é ponto de encontro, lugar para reunir conhecidos e saber a hora que os blocos e escolas vão sair.


É demais? – Maracatu, frevo, caboclinhas, pastoris, mamulengo, reisado, ciranda, coco, cavalo-marinho: os nomes já demonstram que a tradição pernambucana em carnavais não é pequena. Isso sem contar as contribuições modernas, dos artistas de hoje, estilo mangue beat. Para abrigar a multidão que vai ao Recife e a diversidade, a prefeitura reserva doze quilômetros quadrados de ruas e a instalação de mais de 40 polos culturais.

“Mas quem quer tradição, mesmo, deve ficar no Recife Antigo, que a gente chama de Polo Multicultural”, ensina Lula Falcão que dá assessoria de imprensa à prefeitura de Recife aqui em São Paulo. É lá que, na noite de sexta-feira, o percurssionista Naná Vasconcelos comanda um encontro de mais de 400 tambores, abertura oficial da festa.

“O mais tradicional do carnaval de Recife é o maracatu”, continua Lula Falcão. Maracatu, no entanto, não é um ritmo. É a representação de uma cerimônia, em que se coroava um rei, Rei do Congo. Funcionava, no entender de quem pesquisa as tradições pernambucanas, como uma forma de dominação, um pacto entre o líder dos escravos e o senhor de engenho. É, também, manifestação de religiosidade, através do candomblé e herança africana dos tambores, uma miscelânea típica da cultura brasileira.

Existem nações de maracatu com mais de duzentos anos, como a Nação Elefante (de 1800) e outras quase lá, como a Leão Coroado (de 1863). A sugestão, então, é para que o novato procure o Marco Zero, no Recife Antigo, onde as coisas mais tradicionais acontecem. Na segunda-feira, o destino deve ser a Igreja do Terço, onde as nações de maracatu se reunem para a Noite dos Tambores Silenciosos.

Multidão, mesmo, o turista vai ter de enfrentar se acompanhar o Galo da Madrugada que abre o sábado de carnaval. Um milhão e meio de pessoas esteve em 2004, nas ruas de Recife. Cifra que já foi para o Guinness Book dos recordes.


Só marchinhas – O ritmo do carnaval de São Luiz do Paraitinga tem uma regra: só se tocam marchinhas. A restrição consta em lei municipal e, além disso, um concurso acontece todo janeiro para renovar o estoque de melodias da cidade. Afinal, as marchinhas carnavalescas que animam São Luiz do Paraitinga não são aquelas tradicionais, que o Brasil inteiro conhece e sabe cantar. São produtos locais, que se incorporam ano a ano ao repertório melódico da cidade.

São Luiz do Paraitinga está mais ou menos perto de nós, especialmente de quem passa o verão no litoral norte. Fica no alto da Serra do Mar, entre Ubatuba e Taubaté. (A rodovia Oswaldo Cruz, que muitas vezes serve de alternativa para os congestionamentos da Tamoios, leva a São Luiz do Paraitinga). São 50 quilômetros para subir de Ubatuba a São Luiz.

A cidade é da época em que o café reinava no Vale do Paraíba. Hoje, 5 mil pessoas vivem ali. No carnaval, são 50 mil turistas a mais, que se hospedam nas pousadas da cidade (são 8 pousadas), alugam sítios ou fazendas, ou vêm de outros municipios para brincar e, depois, voltam para dormir em casa toda noite ou no final da festa. É gente suficiente para lotar todas as ruas do centro tombado pelo patrimônio.

A festa começa sexta-feira e termina quarta de manhã. “Por ser um carnaval de rua, freqüentado por foliões de todas as idades, o índice de violência é baixissimo, nenhum Boletim de Ocorrência foi registrado no último carnaval. Aqui, todos brincam e se divertem de uma maneira inocente e tranquila”, garante o diretor municipal de Turismo, Eduardo Valente Júnior. Para participar, basta seguir o caminhão de som que acompanha cada um dos 26 blocos carnavalescos da cidade.


Serviço: Recife: www.recife.pe.gov.br// Santana de Parnaíba: 4154 2377 (Secretaria da Cultura) // São Luiz do Paraitinga: Núcleo Santa Virgínia: (12) 3671-9159 ou (12) 3671-9266 (As visitas monitoradas devem ser agendadas, de preferência, com uma semana de antecedência.)// Cia de Rafting (12) 3912-9797 ou (12) 3971-2665.


Água para refrescar


São Luiz do Paraitinga também é opção de carnaval afastado do burburinho. É só procurar o Núcleo Santa Virgínia do Parque Estadual da Serra do Mar, que oferece várias opções de esportes radicais: rafting, caminhada, canoagem. Há trilhas de maior ou menor dificuldade, para serem percorridas, sempre com a necesidade de monitores agendados. A trilha do Ipiranga, a mais comprida delas, liga São Luiz do Paraitinga a Cunha, por uma antiga estrada de 14 km, que servia para o transporte de madeira, antes da criação do parque estadual. Faz-se esse percurso em seis horas.

Fonte:Alphanews

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